Qual o profissional do futuro? Quais serão as habilidades necessárias para empreender, gerenciar e prosperar no ambiente de negócios na próxima década? Essas são perguntas que rondam os pequenos, médios e grandes empresários de todo o mundo. Hoje iremos discutir um pouco sobre elas!
Contexto:
A Coursera é uma plataforma de educação formada em 2012 por professores da Universidade de Stanford que visa contribuir para a aprendizagem mundial através de cursos virtuais. A plataforma atua em parceria com as maiores e melhores universidades do mundo, impactando mais de 40 milhões de pessoas desde sua fundação.
Munidos de uma base de dados extensa em mais de 60 países e 10 tipos distintos de setores da economia, a plataforma lançou em 2019 o primeiro Global Skill Index, uma tentativa de analisar mais profundamente o estado das habilidades profissionais ao redor do mundo. O relatório foca em três grupos principais de atividades — negócios, tecnologia e ciência de dados — que são, segundo os próprios autores, as habilidades fundamentais para o futuro. Além disso, o estudo chega em boa hora, uma vez que a 4ª revolução industrial já está ocorrendo e as mudanças tecnológicas afetam nosso cotidiano cada vez mais.
O ranking utilizado compara países e diferentes tipos de negócios em quatro grupos: (i) de ponta; (ii) competitivo; (iii) emergente e; (iv) atrasado. Os indicadores levam em conta não somente a proficiência dos alunos da plataforma nas referidas habilidades, mas também os dados de demanda por parte dos alunos pelos cursos ofertados.
Resultados:
Logo de início, o relatório destaca algo aterrador: os países que foram identificados nos dois níveis inferiores da classificação — emergente ou atrasado — somam 66% da população mundial. Dessa parcela, 90% são economias em desenvolvimento, o que inclui o Brasil. Ou seja, dois terços da população mundial não possuem habilidades críticas para o futuro. Entretanto, cabe destacar que existem economias em desenvolvimento que fogem à regra, como nossos vizinhos Argentina e Chile.
Podemos dizer que esse número não seria uma surpresa no caso brasileiro. O país ainda derrapa quando o assunto é educação, onde apenas 21% dos brasileiros de 25 a 34 anos possuem diploma de ensino superior, uma das menores taxas do mundo. Entretanto, o Global Skill Index ainda nos traz outro dado bem familiar: a América Latina está entre os continentes com maior desigualdade de habilidades. Enquanto nossos hermanos argentinos figuram na primeira posição quando o assunto é tecnologia, o Brasil amarga a 30º posição, e o México a 43º.
A situação brasileira não é nada boa, e o futuro não parece otimista. O país possui 50% dos empregos formais com risco de serem automatizados, e o investimento em treinamento permanece inalterado. A situação parece ser menos impactante devido ao fato de a automação ainda não ter atingido seu potencial total — empregar um humano ainda é mais barato que adquirir uma máquina -, mas essa situação tende a mudar em breve.
Afora os dados mencionados anteriormente, um outro dado é bastante relevante para nós, empreendedores. Enquanto a demanda por tecnologia e ciência de dados aumenta, a demanda por conhecimentos em negócios diminui. Os grandes responsáveis por essa discrepância são as buscas recorrentes por cursos em Aprendizagem de Máquina e Programação Estatística, juntos da queda brusca por lições de Comunicação e Vendas. Ressaltam os autores que essa mudança é crítica, uma vez que o desinteresse em habilidades básicas em negócios pode barrar futuros desempenhos superiores em tecnologia.
E quando o foco é apenas na categoria Negócios, o Brasil se mantém em baixa. Os dados demonstram um nível emergente em comunicação, financiamento, gestão, marketing e vendas, além de um nível competitivo apenas em contabilidade.
Conclusão:
O contexto atual é modificado a cada transformação tecnológica, e o mercado de trabalho não está imune a essas alterações. O que podemos perceber através dos dados levantados pelo Global Skill Index é que as mazelas que nos assombram diariamente são reproduzidas em escala global. Não figuramos bem nas habilidades essenciais para o futuro, estamos entre os países mais desiguais também nesse aspecto e não treinamos nossa força de trabalho em questões relacionadas à negócios.
É necessário que percebamos o quão importante é se preparar para o futuro que bate à nossa porta. As transformações que virão através da automatização serão ainda mais disruptivas e devemos estar munidos de muito conhecimento para encarrar tais situações como oportunidades!